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29/11/2011
Perspectiva democrática e Educação
Pablo Gentili. Adeus à Escola Pública - A Desordem Neoliberal, a Violência do Mercado e o Destino da Educação das Maiorias, In. Pedagogia da Exclusão - crítica ao neoliberalismo em Educação. Editora Vozes, 1996, p.247.
22/11/2011
Resistir, denunciar e se unir - uma carta ao vento que nos encontra!
É uma lástima.
O Ensino Fundamental (EF) e a Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis (SME) estão atualmente praticamente obrigando que todas as unidades educativas de EF e de Ensino Infantil tenham Conselhos Escolares para assegurar uma gestão democrática que inclui professores, comunidade escolar e estudantes na discussão de seus projetos, enquanto isto para a EJA de 2012 seus gestores fazem autoritariamente um “novo plano de curso” (NPC) de cima para baixo a partir de um “pequeno grupo” de pessoas convidadas já que não se obteve apoio da maioria dos coordenadores e professores atuais. Para tanta pretensão, a atual gestão da Diretoria de Ensino Fundamental (DEF) se apropriou da inexperiência inicial não só de um jovem bom moço, mas de 70% de todos os professores de II segmento que nunca haviam trabalhado na EJA de Florianópolis antes de 2011. Estrategicamente, ao mesmo tempo em que se ganhava tempo, tentando apresentar uma postura democrática por parte da DEF, se produzia desunião entre coordenadores e professores através de cooptação e da necessária “fidelidade ao chefe”.
São muitas as inconsistências, incoerências, incongruências e contradições neste processo.
O Ensino Fundamental da SME faz um programa intitulado como TOPAS (Todos podem aprender sempre) com um professor chamado de articulador e mais professor de área para lidar com adolescentes. Ou seja, dois professores atuando com estudantes em defasagem série-idade, como um programa de aceleração. Para a EJA, o “novo plano de curso” se estrutura com apenas um professor em sala. Juntos, com apenas um professor, adolescentes de 15 a 17 anos, jovens trabalhadores de 18 a 29 anos, adultos chefes de família de 30 a 59 anos e idosos acima de 60 anos (quatro faixas etárias bem distintas).
Enquanto no Ensino Fundamental, o professor é lotado por unidade escolar, o que equivale à apenas uma localidade, na EJA o mesmo professor, qualquer que seja a sua carga horária, em função dos núcleos atenderem em várias escolas, vai ser obrigado a aceitar trabalhar por várias localidades até se esgotarem as possibilidades de sua carga horária, sem condições de se aprofundar nas questões de vínculo e de especificidades educacionais, em um difícil terceiro turno noturnamente violento.
Enquanto que no Ensino Fundamental, com a maioria de professores efetivos, esta manobra é difícil de implantar, na EJA, não estão se preocupando com as reações. Na EJA, a absurda maioria, de mais de 95% de professores contratados temporariamente (ACT) que se renova a cada ano, não tem escolha. Pesquisa demonstra que 70% dos professores do II segmento de 2011 inscritos no EDUCACENSO deste mesmo ano não trabalharam na EJA de Floripa anteriormente. Em 2012, vai ser a mesma coisa, vai ficar fácil convencer a quem nada sabe do processo anterior. E se não gostarem de trabalhar em várias localidades, isolados em suas salas, que peçam demissão (efetivo - remoção). Ou seja, “ou peguem ou larguem”. Mas a gestão sabe que isto não será possível acontecer, pois os professores substitutos precisam do emprego para sobreviver. Por isso não tem concurso público para a EJA e não porque ela vai acabar, pois com 75.000 eleitores sem E.F e 8.000 sem saber ler e escrever, com toda a migração que acontece diariamente para a capital, com as históricas precárias condições de vida da maioria da população brasileira e constatando a nossa ínfima capacidade de atuação material, este quadro não tem perspectivas de se alterar substancialmente.
É uma lástima.
Para os poucos professores efetivos na Eja, o que oferecem? Se quiserem ser coordenador é só “pedir ao chefe” e aceitar o “novo plano de curso” sem reclamar. Ainda, como ação proposta pelo “NPC”, como incentivo e gratificação, os coordenadores vão ganhar dinheiro a mais no salário para isto (diretores das unidades escolares que abrirem EJA também vão receber). Vale lembrar que isto, nunca nenhum coordenador de núcleo recebeu em toda a sua vida de militante (não que não fosse justo) na EJA de Florianópolis, e isto sendo agora feito só para conseguir adeptos e apoio ao “novo plano de curso” é revoltante.
O que mais oferecem aos professores efetivos? Podem fazer 24 horas-aula com os estudantes, não vão precisar completar as 28 horas. Que dádiva! Enquanto até agora, todos trabalham toda a sua carga horária com efetivo trabalho coletivo nos núcleos, para 2012, pelo “NPC”, vão bastar 24 horas-aula solitárias nas salas com estudantes de todas as faixas etárias, desde que trabalhem em todos os lugares que se mandar.
É uma lástima.
E os conteúdos curriculares, o que se propõe no “NPC”? Uma adaptação do Ensino Fundamental, aqueles conteúdos para crianças que vivem as “escolas regulares”. A Educação Física vai ser ofertada em 2012 tendo, como uma de suas funções, que virar “disciplina tampão”, para que os demais professores possam planejar. Na lógica metodológica do “NPC” da EJA do Ensino Fundamental, saber responder, copiar e obedecer é bem melhor do que saber pensar, pesquisar e discutir de uma EJA que por vários anos vem se construindo a várias cabeças e sob condições insistentemente precárias, provisórias e muito severas.
E a grade escolar? O “NPC” enfim traz de volta a todos suas “caixinhas”. Lança-se um desafio, a quem quer que seja, de montar uma grade com a mesma estrutura do EF (número de aulas por disciplina por semana) para um núcleo funcionando apenas em um turno e com todos os seus professores contratados apenas por 20 horas semanais. Quem aceitar o desafio verá que é impossível, que não dá. Mas para a EJA parece que é apropriada. E ainda se ouve dizer, pelos críticos do atual processo pedagógico, que ter a pesquisa por problemática enquanto princípio educativo é proposta político-pedagógica “para pobre”. Pobres então devem ser todos aqueles que fazem pesquisa para se tornarem mestres, doutores e pós-doutores.
É uma lástima.
Infelizmente, temos que continuar denunciando as inconsistências, incoerências, incongruências e contradições da Diretoria de Ensino Fundamental da SME de Florianópolis na tentativa de implantar suas propostas de Plano de Curso autoritário, através de conteúdos disciplinares mínimos adaptados daqueles ofertados às crianças, com grades de horário precárias e fragmentadas, com distinções estruturais entre TOPAS e EJA, com professores provisórios e substituíveis etc.
Resistir, denunciar, e se unir. Estas são as palavras de ordem de uma EJA não submissa, não calada e que precisa de todos para fazê-la cada vez melhor.
17/11/2011
O FEJAFLORIPA participa do lançamento do II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica
Lançamento do evento será em 29 de novembro na capital
Horário: 16 horasLocal: Centro de Convenções CentroSul – Florianópolis – Santa Catarina
Site do evento: www.forumedutec.org
Mais informações para a imprensa: jornalismo@ifsc.edu.
09/11/2011
O que é uma escola justa?
A seguir alguns trechos marcantes:
" [... uma meritocracia escolar justa não garante a
diminuição das desigualdades..."
"O modelo de igualdade de oportunidades meritocrático pressupõe, para ser
justo, uma oferta escolar perfeitamente igual e objetiva, ignorando as desigualdades
sociais dos alunos. Ora, todas as pesquisas mostram que a escola trata
menos bem os alunos menos favorecidos..."
" [...a escola meritocrática legitima as desigualdades
sociais."
O texto publicado no Cadernos de Pesquisa, v. 34, n. 123, set./dez. 2004 poderá ser conseguido em sua íntegra no site do FEJAFLORIPA:
O que é uma escola justa?"
Ressalto que este título é o mesmo de um livro do mesmo autor impresso pela Cortez Editora em 2008 que aborda a questão em termos de "igualdade meritocrática das oportunidades; igualdade distributiva das oportunidades; igualdade social das desigualdades e igualdade individual das oportunidades. (livro no acervo da Biblioteca da UFSC)
Vale a pena conferir.
“Cala a boca já morreu” ! Com a palavra, os professores
Maria Isabel de Almeida - Professora da Faculdade de Educação da USP.
qual o perigo dos discursos se multiplicarem indefinidamente?
Onde é que está o perigo?”
Michel Foucault
Num franco desrespeito à Constituição, que garante a liberdade de expressão a todos os brasileiros, os professores não têm a possibilidade de exercitar o direito de crítica, de reflexão, de apreciação sobre o próprio trabalho e as circunstâncias que o delimitam.
O resultado dessa limitação “vinda de cima” é o silêncio! Mas que silêncio é esse? Onde está o perigo se os professores falarem sobre educação?
Não restam dúvidas de que esse silêncio é uma concepção de gestão da esfera pública que se sustenta em sanções e ameaças, que pairam sobre as cabeças docentes. Com isso o discurso dos professores sobre o seu fazer pedagógico está hoje preenchido de silêncio, o que evidencia o quanto eles não se sentem donos de suas ações. Cada dia mais lhes cabe executar diretrizes vindas de cima; implementar propostas que desconhecem; cumprir tarefas; focar a atenção em aspectos burocráticos em detrimento do estudo, da reflexão, da criatividade, do exercício da crítica. E ainda não lhes é permitido se pronunciarem publicamente a respeito do que estão realizando nas salas de aula ou mesmo sobre o que acontece na rede de ensino onde trabalham.
Falar sobre o ato de educar se faz indissociável do ato educador. Está associado à possibilidade e capacidade de problematizar e refletir sobre a própria ação docente e seus contextos. Expressa também relações de poder. Portanto, quando o poder instituído reserva aos professores apenas o espaço da ação e lhes nega o direito de formular sua própria proposta de trabalho e de expressar publicamente sua avaliação crítica sobre os modos e as condições que delimitam sua ação pedagógica, vem à tona o caráter autoritário dessas relações de poder.
Os professores não chegam prontos às escolas e nem permanecem nelas do mesmo modo ao longo de suas carreiras. Eles vão se construindo profissionalmente à medida que se relacionam com seus contextos de trabalho, com seus pares, com seus alunos, com as normas que delimitam sua profissão e sua atuação dentro dela. Portanto, as interferências e os atravessamentos dos órgãos coordenadores dos sistemas de ensino vão moldando os professores e têm enorme responsabilidade pela ausência da sua fala a respeito do trabalho realizado nas escolas.
Mas, além dos impedimentos formais, um outro lado desse silêncio o torna ainda mais grave. Trata-se dos efeitos decorrentes do modo como os professores vêm sendo considerados pelas políticas educacionais contemporâneas. As atitudes dos gestores dos nossos sistemas de ensino têm se pautado pela desqualificação dos professores
Como a educação é um trabalho que se desenvolve entre humanos, depende do modo como os sujeitos diretamente envolvidos decidem fazê-la acontecer. Assim, os professores são os responsáveis pela direção que imprimem ao trabalho em sala de aula, momento em que escolhem os modos como será realizada a tão necessária ação para inserir os alunos no mundo do conhecimento, para introduzi-los nos mais variados aspectos da cultura, para possibilitar que cada indivíduo integre-se à humanidade. Um trabalho dessa natureza requer capacidade de julgar o que precisa ser feito, o que é possível fazer e como fazê-lo nas condições concretas em que se desenvolve na sala de aula.
Portanto, ao invés de amordaçar os professores e investir contra a autonomia docente, os gestores prestariam maior contribuição à melhora da escola pública se apoiassem o seu desenvolvimento profissional, fortalecendo seus vínculos com a escola, os alunos, a profissão. Isso significaria organizar o sistema e as escolas para que ofereçam possibilidade de estudo e experimentação pedagógica voltadas para a atualização constante das referências ou bases político-pedagógicas que sustentam os modos de atuação docente.
Para serem autores do seu discurso os professores precisam construir mecanismos interiores que lhes permitam articular sua prática de modo coerente, não só com seus valores pessoais, mas também com os valores e necessidades construídas socialmente; precisam ter um domínio profundo do campo do conhecimento que irão ensinar, dos modos de ensiná-lo e dos alunos reais com quem irão trabalhar; precisam ter condições intelectuais e materiais para analisar individual e coletivamente o trabalho realizado; precisam ter recursos materiais e condições de espaço e tempo que permitam atender seus alunos de modos diferenciados e conduzi-los à aprendizagem efetiva; precisam também de reconhecimento e valorização profissional.
Estamos falando dos múltiplos aspectos que estão sendo, ano pós ano, subtraídos dos professores: formação de qualidade, condições adequadas de trabalho e valorização profissional.
Email do Professor Moacir Zanin - EJA de Florianópolis
06/11/2011
Por onde caminha o Currículo desenvolvido pela EJA de Florianópolis?
Quinta-feira, dia 03 de novembro de 2011, realizou-se um encontro de formação ministrado pela professora da UFSC Maria Herminia Lage Fernandes Laffin com os professores da EJA de Florianópolis em que foram debatidas várias questões sobre o currículo na EJA de Florianópolis.
Na oportunidade a professora analisou, a partir de seu ponto de vista e interesse, um texto do professor José Manoel Cruz Pereira Nunes apresentado, em 2008, no IV Colóquio Luso-Brasileiro sobre Questões Curriculares que pode ser encontrado na íntegra no link a seguir http://fejafloripa.org.br/curriculo_emergente.pdf Outros textos do mesmo autor sobre currículo podem ser encontrados na página do sítio do FEJAFLORIPA: http://fejafloripa.org.br/textos.html
Embora não estando presente, o autor do texto considera que se estudar o que têm produzido aqueles que têm vivido a prática e refletido na teoria o processo da EJA em questão é um passo importante para a evolução do trabalho na EJA de Florianópolis.
Portanto, propõe-se que para uma próxima formação na EJA de Florianópolis se convide os autores a participarem nestes debates, pois tem-se o conhecimento que o debate e o conflito são poderosos instrumentos de conhecimento e emancipação.
A seguir, apenas para facilitar àqueles que não possam acessar ao texto completo, transcreve-se as ressalvas realizadas pelo autor como introdução para suas "análises parciais, considerações finais" de seu trabalho sobre os caminhos do currículo na EJA de Florianópolis no período 2001-2007. (grifo nosso). Sem apresentar estas ressalvas, o autor acreditava que o contexto de suas análises poderia ser precariamente apreendido.
" Por onde caminha o Currículo desenvolvido pela EJA de Florianópolis?Pergunta central deste trabalho. O que se pode inferir a partir das análises dos dados coletados?
Antes, porém, deve-se apresentar algumas ressalvas de modo a facilitar a compreensão geral dos resultados. Que ressalvas são estas? Primeiramente, que não há um padrão correto ou esperado na relação das pesquisas realizadas com a categorização dos Temas Transversais dos PCN. Ou seja, não se procura atingir um X número de pesquisas de tal Tema, Y de outro Tema e assim por diante. Os Temas são partes da Vida das Pessoas e é sobre a Vida destas Pessoas que se está tratando ao se desenvolver Currículo na EJA de Florianópolis. Na mesma forma concebida para os conteúdos, os Temas Transversais são meio e não fim. Segundo, a comparação dos resultados de um mesmo núcleo durante o período perde consistência em função da grande variação anual de profissionais, professores e coordenadores. Noventa e cinco por cento dos profissionais que atuam na EJA de Florianópolis são contratados através de concurso e por tempo determinado, sempre inferior a um ano. A porcentagem de retorno destes profissionais de um ano para o outro está na faixa de sessenta por cento. Terceiro, o Currículo da EJA não pode ser avaliado simplesmente em função dos enunciados das perguntas. Como detalhado de forma simplificada, um ciclo de pesquisas tem etapas que incorporam conteúdos dos mais diversos, sem prioridade entre conteúdos conceituais (fatos, conceitos e princípios), procedimentais ou atitudinais. A opção por analisar a partir dos enunciados é válida para se ter uma idéia e não para se produzir uma definição rigorosa. Esta definição poderá ser mais ou menos completa a medida que se incorpore na análise mais etapas e instrumentos aplicadas aos ciclos de pesquisa. Exemplificando é o caso de se destacar a importância dos Mapas Conceituais. Em quarto lugar, não menos importante, tem-se a proposta de desenvolvimento do Currículo como emergente e rizomático, que implica na possibilidade de se produzir conexões, encontros, atividades que contemplem necessidades diagnosticadas ao decorrer do ano letivo no processo educativo. Seja através das pesquisas, por conta da produção dos mapas conceituais, seja pela realização de outras ações, em função de um planejamento coletivo estes interesses e necessidades podem ser viabilizadas.
Tendo em mente estas ressalvas, é possível produzir algumas considerações a partir dos resultados identificados. "