Adult Education in Florianopolis - FEJAFLORIPA
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09/03/2012

Reunião de militantes da EJA com Vereador

O Vereador Ricardo Camargo Vieira do PCdoB deseja conversar com militantes da EJA de Florianópolis sobre as atuais necessidades na modalidade. O vereador contactou o FEJAFLORIPA e foi marcada uma reunião para o dia 14 de março, quarta-feira às 15h, em seu gabinete.

O FEJAFLORIPA solicita aos educadores municipais, estaduais, federais e da  ETHCI - CUT , sejam professores, auxiliares ou coordenadores para manifestarem as atuais demandas e / ou comparecerem à Câmara no encontro marcado.

Abraços solidários
José Manoel

04/03/2012

Histórico do Planejamento Pedagógico Coletivo na EJA de Florianópolis

A história da implantação de Planejamento Pedagógico Coletivo (PC) na Educação de Jovens e Adultos de Florianópolis (EJA) na rede municipal de ensino (RME) de Florianópolis acompanha a implantação da Pesquisa como Princípio Educativo nesta mesma EJA (este modo de planejar, nesta RME, é típico unicamente desta modalidade da Educação Básica).

Em 1999, a EJA de Florianópolis era coordenada pela Divisão de Ensino Fundamental e organizada em dois ciclos e quatro fases. Ciclo I com as fases 1 e 2 e o ciclo II com as fases 3 e 4. Cada fase tinha a duração de um ano letivo. O ciclo I "equivalia" às séries iniciais do Ensino Fundamental e o ciclo 2 às séries finais. A grade horária era distribuída conforme as diversas disciplinas. Havia aulas normalmente às sextas-feiras.

Nesta época, o horário de entrada dos professores e dos estudantes era na prática às 19 horas e a saída às 22 horas. Enfim, o dia letivo era composto de três horas de trabalho com aproximadamente quinze minutos de intervalo incluídos.

A partir do ano 2000, esta organização começa a se alterar. Alguns núcleos começam implantar a Pesquisa como Princípio Educativo (PPE) e começam a ampliar o tempo de trabalho no local de trabalho gradativamente.

Em 2001, a organização do trabalho na EJA passa para o comando da Divisão de Educação Continuada saindo da égide do Ensino Fundamental. O corpo docente é ampliado com a inclusão do professor-articulador para cada turma e a PPE se torna a forma prioritária de trabalho. A carga horária dos professores no local de trabalho vai aos poucos se ampliando, até que se torna obrigatória a presença do professor às 18 horas. A distribuição do horário passa a não ser mais realizada através de grades com as diversas disciplinas para ser organizada conforme as necessidades das pesquisas e das turmas de estudantes. Nas sextas-feiras, os professores de Artes e de Língua Estrangeira se alternavam no período e trabalhavam suas disciplinas enquanto os demais professores realizavam o planejamento para a próxima semana. Portanto ainda de forma não coletiva o planejamento acontecia em um dia da semana e no período de 18 às 19 horas de cada dia letivo.

A partir de 2006, não mais se contratou professores-articuladores e aumentou-se o tempo de contratação dos professores de área de 20 para 30 horas estabelecendo-se dois turnos semanais (na maioria dos casos vespertinos) de planejamento coletivo que juntamente com uma hora diária passaram a compor a estrutura organizacional que tornou possível o Planejamento Coletivo no local de trabalho.

Múltiplas dificuldades tensionaram este fazer pedagógico. A abertura de espaços para a EJA planejar no local de trabalho implicava em se conseguir condições para as reuniões e estudos nas unidades educativas espaços estes que não eram facilmente assegurados e requeriam apoio e pressão da administração central da rede de ensino, o que, na maioria das vezes, se demonstrava insuficiente. Estas dificuldades ainda não foram superadas e por vezes são consideradas como motivo para o fim deste tempo-espaço de planejamento.

Em 2010, acontece uma ruptura no trabalho da EJA. Ela passa a ser coordenada novamente pelo Ensino Fundamental deixando a Diretoria de Educação Continuada. Esta modificação atinge os princípios básicos da EJA enquanto Educação como um direito ao longo da vida passando a ser considerada em seu modo reduzido como um direito não realizado em um tempo de vida. Esta mudança de parâmetros básicos foi e ainda é um dos retrocessos pelo qual se justifica empreender esforços coletivos para reverter.

Em 2011, houve um grande movimento para que acabasse esta estrutura que dava condições para que o PC acontecesse e quase as 30 horas para contratação de professores para a EJA foram abolidas. Sem as 30 horas, inviabiliza-se o PC, pois a outra alternativa seria retornar aos moldes do que se fazia uma vez por semana, às sextas-feiras, com alguns professores.

Em 2012, começam a ventilar com a possibilidade de se liberar os professores para planejarem aonde bem entenderem e de se retornar ao funcionamento começando às 19 horas o que inviabilizaria a participação coletiva no tratamento dos diários dos estudantes (instrumento central na construção do diálogo educador-educando) que também é característico e original da EJA desta RME. Alternativas-tampão e explicações de cunho individualista (precisar estar sozinho, ócio criativo) são apresentadas mas nada superando a situação estrutural atual de se poder reunir e estar junto para planejar.

Portanto, em vez de melhorarem as condições de trabalho e consequentemente melhorarem as possibilidades de um Educação de Qualidade acenam com mudanças que no âmago não colaboram em nada com o aperfeiçoamento do complexo processo educativo.

Não podemos abandonar a bandeira de criar/manter o Planejamento Coletivo nos espaços das unidades educativas, pois inerente a ela está a luta por melhores condições de trabalho e por uma Educação sob uma lógica não individualista para além do capital.

03/03/2012

Planejamento Pedagógico Coletivo: considerações preliminares

Sinteticamente pode-se classificar em três os grupos de possibilidades de viabilizar um planejamento pedagógico no projeto político pedagógico (PPP) de uma unidade educativa. São eles: planejamento individual, planejamento coletivo e planejamento híbrido. Eles, na maioria dos casos, são propostos em função do que se considera ser necessário para realizar a melhor Educação nas situações concretas dadas.

O Planejamento Individual (PI) é assim denominado, neste texto, pela característica de delegar aos indivíduos a competência e a responsabilidade de propor e executar suas tarefas pedagógicas específicas a partir de um PPP geral. A necessidade de integração é dada pelo PPP e a discussão de questões comuns e possíveis ajustes são realizados em reuniões pedagógicas coletivas, ou não. Neste caso, a necessidade de estar junto dos educadores não é central para a definição cotidiana do que trabalhar e como trabalhar. Os conteúdos educativos já estão praticamente definidos e podem ser implementados a partir de livros didáticos ou pela forma que a escola instituir que estes conteúdos sejam estabelecidos e trabalhados.

O Planejamento Coletivo (PC), embora também instrumento para realização de um PPP geral, tem a característica de delegar ao grupo de educadores e não aos indivíduos, a cada encontro, a tarefa de estabelecer tanto os conteúdos como a forma de implementá-los (quem, como, com o quê, onde...). Momentos de estudo e produção individuais em separado acontecem nos momentos coletivos em função da necessidade do momento pedagógico coletivo. Esta forma de planejar se torna tanto mais necessária e pertinente quanto mais as propostas pedagógicas trabalhem evidenciando nossos conflitos e contradições e a partir de interesses constituídos no diálogo entre estudantes e professores, interesses estes que estão em constante adaptação em função dos objetivos, necessidades e caminhos que se produzem. O trabalho com a Pesquisa enquanto Princípio Educativo através de problemáticas é um exemplo de caso coerente à necessidade de PC.

O Planejamento Híbrido (PH) organiza seus momentos sistemáticos de planejamento tanto em momentos individuais como coletivos. Nos momentos individuais, a presença de todos os professores é liberada do espaço educativo comum, podendo os mesmos, realizarem seu planejamento no momento e no local em que considerarem oportuno e necessário. Por um aspecto a se considerar, isenta a instituição ou rede de ensino da responsabilidade de ter que proporcionar as condições estruturais necessárias do Planejamento Coletivo. Estas condições, como computador, acesso à internet, ambientes propícios etc têm que ser viabilizadas por cada um dos professores que se utilizam, então, de outros de seus locais de trabalho ou de sua própria casa em momentos que deveriam ou poderiam ser familiares e de não-trabalho.

Historicamente, não temos tradição de Planejamento Coletivo (educacional, urbano, social, econômico...). Como estudantes, dificilmente participamos da definição dos objetivos e conteúdos de nossa educação. Fomos formados, na maioria do tempo, por planejamentos individuais e na Lógica do Individualismo. A produção de uma outra Lógica, de uma Lógica Coletiva é mais difícil ainda tendo este histórico de construção individualista por uma lógica de mercado em que não passamos de mão-de-obra especializada. Não nos formamos pela via coletiva e fica fácil compreender como é difícil planejar coletivamente. Mas esta dificuldade (de compreensão) e precariedade (de condições materiais para realizá-lo) não podem ser os motivos para não continuarmos tentando e sim o alerta e indicador de como estamos longe de uma sociedade coletiva.

Portanto, a luta por criar ou manter estruturalmente o Planejamento Coletivo se relaciona diretamente com lutar dentro de nossas instituições para constituirmos melhores condições de realização de nosso trabalho nos espaços coletivos educacionais.